Diário de Bordo - Aula 11: Justiça Climática e Racismo Ambiental
- YCL info
- 7 de mai.
- 3 min de leitura
A pergunta que ecoa em meio à urgência climática é: a crise que enfrentamos atinge a todos de forma igualitária? No Curso YCL Mudanças climáticas: panorama, desafios e oportunidades para jovens profissionais, essa pergunta nos levou aos conceitos de Justiça Climática e Racismo Ambiental, na aula comAnne Heloise do Nascimento (Mestranda em Direito na Universidade Federal de Pernambuco) e Andreia Coutinho Louback (fundadora do primeiro Centro Brasileiro de Justiça Climática) (saiba mais sobre elas no fim deste texto).
A Justiça Climática se revela como um princípio fundamental dentro das mudanças climáticas que estamos vivendo, uma vez que seus impactos se distribuem de maneira desigual, afetando de forma desproporcional as comunidades marginalizadas. Favelas, quilombos, periferias, povos indígenas e comunidades tradicionais encontram-se em situação de maior vulnerabilidade diante dos eventos climáticos extremos, da poluição e da degradação ambiental.
Já o Racismo Ambiental, por sua vez, surge como uma das expressões mais presentes dessa desigualdade, caracterizando-se pela "exposição desigual de algumas populações aos impactos e riscos socioambientais, tendo como justificativa a localização geográfica". Comunidades negras, por exemplo, enfrentam riscos ampliados decorrentes da proximidade com áreas contaminadas, da falta de saneamento adequado e da insegurança climática.

É nesse contexto que o Centro Brasileiro de Justiça Climática (CBJC) assume um papel de destaque. O CBJC é um instituto dedicado à população negra e afrodescendente no Brasil, com o objetivo de ampliar o debate público sobre Justiça Climática e promover uma cultura política antirracista. A atuação do CBJC se organiza em torno de eixos estratégicos, como educação climática, comunicação, incidência política e pesquisa.
Na educação climática, o CBJC desenvolve capacitações e experiências reflexivas, buscando formar multiplicadores regionais capazes de atuar em seus territórios. Um exemplo bem legal é o projeto realizado com mulheres quilombolas, abordando temas como regularização fundiária, acesso a financiamento e produção sustentável. Além disso, o CBJC busca influenciar a agenda climática em espaços de decisão, como a COP, defendendo os direitos das populações mais vulneráveis.
A YCL, ao trazer esses temas para o centro das discussões, mostra algo que me alegra bastante: a formação de jovens profissionais comprometidos com o clima e um futuro mais justo. Acredito que a gente precisa se perguntar: qual o nosso papel individual e coletivo na promoção da Justiça Climática e no combate ao Racismo Ambiental? O que cada um de nós pode fazer para mudar essa história?
Saiba mais sobre as palestrantes:

Andréia Coutinho Louback
Jornalista pela PUC-Rio, mestre em Relações Étnico-raciais pelo CEFET/RJ e bolsista da University of California, Davis (UC Davis) com apoio da Fullbright. Reconhecida como uma das vozes expoentes no debate de raça, gênero e classe na agenda climática no Brasil, é também fundadora do primeiro Centro Brasileiro de Justiça Climática voltado exclusivamente para a população negra, cujo foco é comunicação, pesquisa, educação climática e incidência política. Entre suas principais contribuições como especialista no campo da pesquisa e produção de conhecimento, destacamos a idealização de um estudo inédito intitulado "Quem precisa de justiça climática no Brasil?", lançado pelo Observatório do Clima; o "Guia para justiça climática: tecnologias sociais e ancestrais para o enfrentamento do racismo ambiental", da Casa Fluminense. É conselheira da Action Aid Brasil, Climate HUB | Columbia Global Centers, Prefeitura do Rio de Janeiro e Instituto Mapinguari.

Anne Heloise do Nascimento
Mestranda em Direito na Universidade Federal de Pernambuco, na linha de pesquisa "Justiça e Direitos Humanos na América Latina". É extensionista do projeto Acesso ao Sistema Interamericano de Direitos Humanos (aSIDH/UFPE), Coordenadora de Educação Climática do Centro Brasileiro de Justiça Climática, Diretora de Advocacy no Instituto DuClima, além de Articuladora nacional da organização de jovens Engajamundo, onde atua como liderança na Coalizão de Ação Feminista para a Justiça Climática do Fórum Geração Igualdade da ONU Mulheres. É pesquisadora com publicações nos periódicos Lancet Planetary Health, Suprema e Revista Brasileira de Políticas Públicas. Já ministrou formações para organizações como Youth Climate Leaders, Attainable e The Brookings Institution.
Texto escrito por Enock Galdino, Publicitário e participante da 12a edição do Curso YCL Mudanças climáticas: panorama, desafios e oportunidades para jovens profissionais.
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